Da nossa Aldeia.

No sábado celebrámos a chegada da Matilde, que é como quem diz, reunimo-nos para uma pré-matildice nesta coisa moderna a que damos o nome de Baby Shower. Foi tudo caseiro, os meus pais cederam-nos o colo, a casa e o jardim, e nós convidámos uma mão cheia de amigos e família para celebrarem connosco.

A nossa filha ainda não nasceu e estes pais comovem-se: com a beleza e com o amor desta aldeia que nos calhou, que lhe calhou.

Eu que não acreditava, que não entendia aquele provérbio africano que dizia É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, que achei que neste mundo em que vivemos, onde nos fechamos em nós próprios e no próprio dia-a-dia, onde oferecemos ajuda mas temos tanta, tanta, dificuldade em pedi-la de volta, onde a diferença é excluída e o difícil é visto como descartável ou antes (e esta é gira): “tóxico”, não havia espaço para uma rede desta dimensão, de amor e cuidado, de braços estendidos que nos oferecem consolo e colo, mas também nos dão a força e a certeza de que assim, só assim, tudo é possível.

Que bela lição de humildade e amor. Esta mocita ainda mal cá chegou e já nos ensina tanto sobre a vida!

Era quase 1h da manhã quando nos deitámos, exaustos mas de coração a transbordar, com uma Matilde a dançar na minha barriga. Quis guardar o que pude deste dia tão lindo, dentro de mim, estar com toda a gente e, ainda assim, sentir que não consegui estar com ninguém. As palavras entamarelaram-se no coração, senti apenas vontade de chorar - mas das lágrimas boas, das que nos aliviam o peito e abrem espaço a mais amor.

Este é o texto possível, a nossa forma humilde de agradecer aos nossos a presença e o coração inteiro. O cuidado e o colo, mas sobretudo a presença.

As fotos dos amigos, ficam privadas, mas deixo as fotos do bolo delicioso feito pela minha mãe, da representação mais bonita desta família em (re)nascimento - criada pelas mãos da minha bruxinha favorita: Joana Nogueira -, e as fotos com os avós que principiam a nascer.

Obrigada é pouco, querida Aldeia.