Domingo é dia de brunch no Ginger Café

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Ainda que sem saber, muito bem, como falar-vos deste sítio mágico, deste sítio-casa, preciso de tentar. Andava há muito a namorá-lo à distância, ainda mesmo antes de abrir. Disseram-me assim: “vai abrir um sítio Zero-Waste em Santo André, sabias?!” e eu fiquei histérica, precisei de lá ir ver com os meus próprios olhos, e lá estava, na montra (←📸)

Apaixonei-me de caras.

Há muito que me fintavam os fins-de-semana livres, e eu estava a precisar tanto deles, para estar com amigos, para matar saudades, para namorar, vivi 3 meses tão intensos que me esqueci de parar. Assim, no sábado, fomos comemorar a vida, entre sorrisos e dedos lambuzados de chocolate, festejámos o pequeno Ian. No domingo, acordámos tarde, estava tanto frio e a cama tão quentinha, com os gatinhos junto a nós, que foi a custo que de lá saímos. O dia apetecia, estava um dia lindo, frio, mas lindo como só os dias de Outono o são, e só tínhamos planos para as 16h. Foi quando me lembrei: “E se fossemos ao Ginger, André?” e fomos. No fim ainda passámos à praia da Vacaria, sem saber, ainda, da história da Pipa que vos conto abaixo. Há coincidências muito bonitas.

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As expectativas eram altas, segui cada foto, cada publicação, escutei cada testemunho de amigos que já lá tinham ido, e foi com grande felicidade que constatei que era exactamente como o tinha imaginado. Situado no Parque Central, que já de si é especial, o Ginger Café tem mesmo uma energia bonita. A decoração com elementos naturais, madeira - mesas TÃO lindas - muito verde e detalhes mágicos, fazem deste sítio um lugar para se querer estar. É como quando estamos de férias e só queremos que durem para sempre.

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Descobrimos que, ao domingo, é dia de brunch e alinhámos na sugestão de quem tão simpaticamente nos recebeu: um brunch com proteína de origem animal e um brunch vegan, para provar de tudo. O do André trazia leite com café (ele pediu com leite de aveia, ainda assim), sumo de laranja natural, iogurte com granola e compota de morango, ovos mexidos, tostas de abacate com tomate cherry e panquecas com mel e manteiga de amendoim. O meu trazia o equivalente vegan, pedi um chá da Pukka (este) no lugar do leite, sumo de laranja natural, pudim de chia com compota de morango, mexidinho de tofu, tostas de abacate com tomate cherry e panquecas com manteiga de amendoim e mel (que, ainda que fora do menu vegan, surripiei ao André, porque: gulosa). Estava tudo maravilhoso e em sintonia com o espaço, quando se faz o que se ama essa energia vibra em tudo quanto tocamos e é isso que por lá se sente.

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Antes de virmos embora falei um pouco com a Pipa, o coração por detrás deste sonho, e, durante a semana, propus-lhe escrever sobre o projecto.

Falar do Ginger Café é falar dela mesma e, por isso, foi pouco o que quis alterar nesta história, ela fala de tudo com o coração do lado de fora e sinto que é isso que tenho de vos mostrar. Trabalhou 18 anos em Marketing e, há 3 anos, descobriu que perdera a paixão pela profissão. Em busca do que a fazia feliz, arregaçou mangas e lançou 3 marcas: a Pineapple, a Beny's e a Bite (esta última já ligada à alimentação saudável, e de onde conseguia um segundo ordenado ao final do mês). Entre um trabalho e outro, o tempo apertava, mas como o amor move montanhas, saía do trabalho às 18h00 e ainda ia preparar encomendas das Bites para, no dia seguinte, à hora de almoço, despachar por correio.
Levou 2 anos a ganhar coragem para se despedir. “Acho que só consegues quando sentes que realmente tudo tem um timing certo para acontecer”, diz-me. O ano passado, tirou uns dias e veio a Santo André e foi na sua praia de criança (a Vacaria, esse tesouro tão bem guardado pelos Andreenses) que decidiu escrever ao Universo. Escreveu tudo, como se já tivesse acontecido. Escreveu ao pormenor tudo aquilo que queria e guardou-o… até ao dia em que se levantou de manhã e soube que era “o” dia. Largou as amarras que a prendiam a um emprego pelo qual se desapaixonara e, um mês depois, estava livre. Comprou viagem para Bali e por lá fez um curso de Vegan e Rawfood. Voltou para Portugal e foi tirar um curso de culinária, de um ano, no Instituto Macrobiótico de Portugal.
A ideia inicial para o Ginger era num espaço em Carcavelos mas, como há coisas que têm mesmo de ser, na Páscoa veio a casa e o irmão falou-lhe de um espaço no Parque Central. Escusado será dizer que foi amor à primeira vista e que, num bater de olhos, a Pipa viu logo o Ginger Café “ali e do jeitinho que está agora”.

”Durante todo o processo da minha mudança, tudo foi fluindo de uma forma incrível. Quando tu resolves mudar, o Universo conspira a teu favor e, é muito importante visualizares as coisas que queres e sentires como se elas já tivessem acontecido. Fui-me embora de Santo André há 22 anos, para a Faculdade, e fiquei por Lisboa, agora regressei a casa. Por isso é que, no Ginger Café, tens uma placa a dizer bem-vindo a casa.”


Esta pessoa-luz, que abriu esta casa-coração, merecia mesmo que todo este post fosse uma onda de positividade e, por isso, o único “não” foi o que acabei de escrever, há que evitar o que nos limita, pois é?


Vão lá conhecer:
facebook . instagram . morada

♥︎



Posso (re)começar um blogue assim? // o início desta "Garagem"

      A vida é maravilhosa.
      (posso começar um blogue assim?)

      Já queria ter começado a escrever-vos há algum tempo, mas os começos deixam-me muito ansiosa e fui adiando a coisa o mais que pude - algum procrastinador por aí?

      A verdade é que andava sem grande inspiração. Tinha o tema: queria falar-vos sobre Economia Circular, mas não sabia como raio a ia introduzir. Há umas semanas, um amigo enviou-me umas fotos que tirou em casa dos avós, foi o bastante para tudo em mim estremecer, tinha de parar e agarrar na caneta o quanto antes, toda uma inspiração súbita. Qualquer coisa de único, de sublime, naquelas imagens, algo que só existe nas casas antigas, nos móveis carregados de histórias, na disposição dos biblots que diz tanto das suas pessoas ou no pó da casa desabitada a afirmar a ausência. Percebi que era aquilo, só falando da minha experiência é que poderia vir falar deste tema convosco.

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      O conceito de Economia Circular entrou na nossa vida quando comecei a ler tudo o que conseguia sobre zero desperdício, o que coincidiu com a nossa mudança para a casa “nova”. Aliado a esta paixão por peças antigas, não foi difícil tomar decisões quanto ao que ia entrar cá em casa: tudo o que pudéssemos salvar do recheio da casa que compráramos e tudo o que já tínhamos - evitando, assim, comprar novo. O resultado foi uma casa eclética que tem tanto de nós como da sua própria história. Restaurámos o que precisava de restauro, demos nova vida a objectos que de outra forma iriam para o lixo e tudo o que já não nos fazia sentido doámos a uma associação e oferecemos a amigos e familiares. Desta forma, contribuímos para uma economia circular.

      Esta economia é aquela que defende que tudo deverá ser produzido, consumido e, após consumo, continuar a gerar valor. Ou seja, um produto que mesmo em final de vida possa ser reciclado (inteiro, ou partes) e dar origem a um novo produto que entre novamente neste ciclo de produção-consumo-reciclagem. Desta forma evita-se que se extraiam mais recursos ao planeta - uma vez que passamos a usar o que já foi criado - e trava-se o desperdício

      Ainda ando com as fotos ao peito, as da casa dos avós do Marco.  É aconchego, é amor, é o cheiro a bolachas acabadas de fazer, a janela aberta para a luz do dia, é tudo aquilo que as coisas antigas carregam consigo: histórias, e de como podemos resgatá-las para a nossa própria história dando-lhes nova vida e amor. Salvamo-nos a nós próprios e o planeta agradece. 
      Esta foi a forma sustentável que encontrámos para a nossa casa e que levamos para a vida, é tão simples quanto fazer do velho, novo!

      A vida é mesmo maravilhosa, não é?