Desperdício Zero na Cozinha #1 - Princípio Base

     A minha maior dificuldade nesta caminhada contra o desperdício tem sido a cozinha, tentamos comprar tudo a granel - o que conseguimos, tendo em conta a nossa localização - e conseguimos reduzir significativamente o uso de plásticos cá em casa, mas acabo sempre por comprar comida de mais e por deixar estragar um legume ou outro, por não saber o que lhe fazer ou como usar. Felizmente temos uma Inês na nossa vida que, não só faz takeovers à nossa cozinha - adoramos!!!! - como a sua preocupação para com as bananas farrusquinhas deste mundo é coisa para nos enternecer a todos. Que se salvem os farruscos, as frutas feias e os renegados desses mercados, a Inês ajuda 💛🌿

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Buddha Bowl, Receitas Tolerantes

Buddha Bowl, Receitas Tolerantes

     Olá a todos

     O meu nome é Inês e sou dona de um cantinho chamado Receitas Tolerantes onde partilho as minhas receitas.     
     Gosto de cozinhar coisas simples, saudáveis e que me façam feliz, gosto pouco de desperdiçar comida e, quem me conhece, sabe que sou a primeira pessoa a pedir - ou a levar - uma caixinha para levar comida para casa quando janto fora. Também adoro aproveitar todos os restinhos que tenho no frigorífico - frescos ou cozinhados - transformando-os em pratos novos  ou em bonitas Buddha Bowls
     Hoje, a pedido da minha querida amiga Inês Espada, trago-vos este desafio: como reduzir o desperdício alimentar em casa.

     
Quem segue o meu blogue poderá ter reparado que muitos dos meus posts começam com "tinha lá em casa x e y para gastar, e lembrei-me de fazer...", este é - para mim - o princípio base da redução do desperdício: cozinhar em função do que tenho disponível na despensa ou no frigorífico e não em função duma receita específica. Claro que há excepções, se tivermos um jantar de amigos, ou um evento familiar, e queremos mesmo levar aquele prato ou sobremesa
especial, não tem mal nenhum mas, ainda assim, se conseguirmos fazer substituições para evitar desperdício, tentamos sempre fazê-lo.

      Partindo deste princípio base, vejo quais os ingredientes que temos disponíveis no frigorífico, ou na despensa, incluíndo fruta e legumes frescos - que são tipicamente o que tende a estragar-se mais depressa -, e crio um plano semanal em função disso. Fazer um plano semanal ajuda-me a comer de forma mais saudável, a controlar o desperdício e a organizar melhor as refeições durante a semana. As 2 ou 3 horas que demoro a preparar tudo ao Domingo, poupam-me muito trabalho durante a semana. Caso não queiram, ou não consigam ir tão a fundo, podem começar por planear apenas a refeição seguinte com base neste princípio.

Restos reinventados: 1/2 batata doce com uma sobra de húmus, dip de beringela e tofu crocante acompanhada de uma saladinha de verdes.

Restos reinventados: 1/2 batata doce com uma sobra de húmus, dip de beringela e tofu crocante acompanhada de uma saladinha de verdes.

     Depois de pensar numa possível receita (ou receitas) que possa fazer com os ingredientes que tenho, penso em possíveis substituições. Por exemplo, se a receita pede couve flor, se calhar posso substituir pela courgette farrusca que está a precisar de ser gasta 😜 e por aí fora. Por fim, faço uma lista de compras com o que falta, para garantir que compro apenas o que preciso. Muito importante: não ir às compras com fome - especialmente no meu caso, que sou uma esfomeada 😂 - caso contrário, a lista vai crescer rapidamente!

     De qualquer forma, há sempre umas coisinhas que acabam por saltar para o carrinho e que, caso não consiga gastar durante a semana, vão acabar por servir de base ao plano da semana seguinte.
     Para além desta “regra de ouro”, há mais algumas coisas que podemos fazer para minimizar o desperdício alimentar. Daqui por duas semanas trago-vos mais alguns dos meus truques.

     Até já,


     Inês,
Receitas Tolerantes

[DIY] detergente caseiro para a máquina da loiça

     A nossa rua cheira a comida caseira, o sol bate nas janelas e os passarinhos piam nos beirais, gostava tanto de conseguir transmitir-vos esta paz... é como uma tarde de infância em casa dos avós, sabem? Não tarda volta tudo à azáfama do dia, à tarde de trabalho que ainda nos espera, aos miúdos que têm de se ir buscar à escola, às lides da casa... mas, por agora, respira-se fundo e abrem-se as janelas para melhor se ouvir a rua. Vive-se devagar.

     Foi neste embalo que me lembrei de vir partilhar convosco a receita do detergente para a máquina da loiça - sempre se ganha algum tempo para aproveitar devagar as horas de almoço que nos fogem, não é? 

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     O detergente é maravilhoso e depois de começarmos a usá-lo dissemos "adeus" às pastilhas de compra, lava tão bem quanto os outros e a máquina adora. Não é uma opção totalmente sem desperdício - vamos chamar-lhe detergente low waste, para ser mais honesto -, mas dura imenso tempo, é muito prático de se fazer e os ingredientes base dão para recriá-lo mais vezes, pelo que o desperdício é mínimo comparado ao que se gastava aqui por casa. Aqui vai:
 

     O que vão precisar: 

     1 chávena e 1/2 de Ácido Cítrico
     1 chávena e 1/2 de Carbonato de Sódio*
     1/2 chávena de Bicarbonato de Sódio
     1/2 chávena de Sal
     2 ou 3 gotas de óleo essencial (opcional, é só para dar um cheirinho bom)

*para fazer carbonato de sódio, basta colocar bicarbonato de sódio num pirex de vidro ou assadeira, espalhar em camada fina e levar ao forno, a 200ºC, entre 30m a 1h. Convém ir mexendo ocasionalmente com a colher de pau (vou confiar que já não têm colheres de plástico em casa 😂). É fácil perceber quando o bicarbonato vira carbonato, a textura muda ligeiramente, é só uma questão de estarem atentos. No meu forno, leva 1h.  

     Como fazer: 

     Colocar tudo num frasco hermético, fechar bem e agitar - "Ooh-whee, Marie, shake it, shake it for me”, pode ser a dançar - até ficar uma mistura homogénea. 
     Como substituto ao abrilhantador, podem usar vinagre branco. 


     E por aí, também costumam fazer os vossos próprios detergentes? Por aqui (ainda) só arriscámos este, todos os outros compramos a granel, ainda assim, não há nada que vinagre e bicarbonato não resolvam. Fica a dica! 

     Agora vão lá aproveitar a vossa hora de almoço 😊
     Beijinhos ♥︎ 

União Europeia contra o uso de plásticos descartáveis!

 
Andrei Ciobanu

Andrei Ciobanu

      O problema do lixo marinho é hoje um problema global e de extrema gravidade, caminhamos para uma era em que haverá mais plástico do que peixes no oceano. Plásticos que representam hoje 85% do lixo marinho, que chegam já aos nossos pulmões, às nossas mesas, e cujo o impacto ao nível da saúde é ainda desconhecido. É mau. 

      Felizmente, a Comissão Europeia parece estar desperta para este problema e isso constitui um enorme passo na direcção certa. Ainda que com algumas lacunas, mas um passo louvável.            
      A Comissão Europeia propõe, assim, novas regras para toda a UE no que diz respeito aos 10 produtos de plástico descartável mais encontrados nas nossas praias e nos nossos mares. São eles:

     Cotonetes, talheres, palhinhas e pratos descartáveis: deverão ser substituídos por alternativas mais sustentáveis; 

    Pauzinhos de balões e os balões (claro!): os pauzinhos deverão ser substituídos por uma alternativa mais sustentável e os produtores de balões terão de contribuir para a sensibilização do problema do plástico, limpeza, recolha, tratamento de resíduos e uma nova rotulagem, com informação clara e transparente, alertando para o impacto ambiental negativo do produto e as suas opções de reciclagem;

    Embalagens de take-away, copos descartáveis e garrafas de plástico: deverão promover uma redução do seu uso, produtores terão de contribuir para a sensibilização do problema, limpeza, recolha e tratamento de resíduos;

     Beatas: produtores terão de contribuir para a sensibilização do problema, limpeza, recolha e tratamento de resíduos de todas as beatas e outros filtros que contenham plástico;

     Sacos de plástico: produtores terão de contribuir para a sensibilização do problema, limpeza, recolha e tratamento de sacos de plástico em adição a medidas já existentes na directiva que visa a redução do uso dos mesmos; 

     Pacotes de plástico e invólucros: produtores terão de contribuir para a sensibilização do problema, limpeza, recolha e tratamento de resíduos;

     Toalhitas e itens de higiene pessoal: deverão ter nova rotulagem, com informação clara e transparente, alertando para o impacto ambiental negativo do produto e opções correctas de reciclagem. Produtores terão de contribuir para a sensibilização do problema, limpeza, recolha e tratamento de resíduos;

      Artes Piscatórias: Produtores de produtos ligados à arte piscatória, contendo plástico, serão convocados a cobrir os custos de recolha de resíduos desde as Instalações Portuárias para Recepção de Resíduos - o seu transporte e tratamento. Cobrirão, também, os custos das medidas de sensibilização.

James Carol Lee

James Carol Lee

    Fico mesmo feliz com estas notícias, são um rasgo de esperança. Cada vez que se toca neste assunto, seja em redes sociais seja por qualquer outro meio de comunicação, é um ponto a favor nesta luta que outrora parecia inglória. É um orgulho imenso ver projectos irmãos como A Face Verde, a minimalista, a Ana, Go Slowly aparecerem cada vez mais, passando a palavra, mostrando como se faz a diferença. É coisa que arrepia dos pés à cabeça, mas em bom!  
     
      Impulsionada pela inspiração, aqui vos deixo o meu humilde contributo: durante a semana iniciarei convosco uma série de partilhas com alternativas low waste a alguns dos produtos mais comuns nas nossas casas. Fiquem atentos! 

      Enfrentar este problema é uma obrigação comum a todos, juntos, ainda é possível fazer a diferença.

      

Posso (re)começar um blogue assim? // o início desta "Garagem"

      A vida é maravilhosa.
      (posso começar um blogue assim?)

      Já queria ter começado a escrever-vos há algum tempo, mas os começos deixam-me muito ansiosa e fui adiando a coisa o mais que pude - algum procrastinador por aí?

      A verdade é que andava sem grande inspiração. Tinha o tema: queria falar-vos sobre Economia Circular, mas não sabia como raio a ia introduzir. Há umas semanas, um amigo enviou-me umas fotos que tirou em casa dos avós, foi o bastante para tudo em mim estremecer, tinha de parar e agarrar na caneta o quanto antes, toda uma inspiração súbita. Qualquer coisa de único, de sublime, naquelas imagens, algo que só existe nas casas antigas, nos móveis carregados de histórias, na disposição dos biblots que diz tanto das suas pessoas ou no pó da casa desabitada a afirmar a ausência. Percebi que era aquilo, só falando da minha experiência é que poderia vir falar deste tema convosco.

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      O conceito de Economia Circular entrou na nossa vida quando comecei a ler tudo o que conseguia sobre zero desperdício, o que coincidiu com a nossa mudança para a casa “nova”. Aliado a esta paixão por peças antigas, não foi difícil tomar decisões quanto ao que ia entrar cá em casa: tudo o que pudéssemos salvar do recheio da casa que compráramos e tudo o que já tínhamos - evitando, assim, comprar novo. O resultado foi uma casa eclética que tem tanto de nós como da sua própria história. Restaurámos o que precisava de restauro, demos nova vida a objectos que de outra forma iriam para o lixo e tudo o que já não nos fazia sentido doámos a uma associação e oferecemos a amigos e familiares. Desta forma, contribuímos para uma economia circular.

      Esta economia é aquela que defende que tudo deverá ser produzido, consumido e, após consumo, continuar a gerar valor. Ou seja, um produto que mesmo em final de vida possa ser reciclado (inteiro, ou partes) e dar origem a um novo produto que entre novamente neste ciclo de produção-consumo-reciclagem. Desta forma evita-se que se extraiam mais recursos ao planeta - uma vez que passamos a usar o que já foi criado - e trava-se o desperdício

      Ainda ando com as fotos ao peito, as da casa dos avós do Marco.  É aconchego, é amor, é o cheiro a bolachas acabadas de fazer, a janela aberta para a luz do dia, é tudo aquilo que as coisas antigas carregam consigo: histórias, e de como podemos resgatá-las para a nossa própria história dando-lhes nova vida e amor. Salvamo-nos a nós próprios e o planeta agradece. 
      Esta foi a forma sustentável que encontrámos para a nossa casa e que levamos para a vida, é tão simples quanto fazer do velho, novo!

      A vida é mesmo maravilhosa, não é?