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8. Carta de Milfontes

January 11, 2013 Inês Espada Nobre
Al Quimias Al Berto - As imagens como desejo de poesia,  Centro Cultural Emmerico Nunes

Al Quimias
Al Berto - As imagens como desejo de poesia,
Centro Cultural Emmerico Nunes

Foi em 1978, no verão, que te conheci. Nesse ano, num dos poemas de «doze moradas de silêncio» citei Rilke: «Uma só coisa é necessária: a solidão, a grande solidão interior. Caminhar em si próprio e, durante horas, não encontrar ninguém - é a isto que é preciso chegar.»
Depois, a paisagem onde nos encontrámos, desapareceu, a pouco e pouco, num desfocado adeus. Eu escrevia, fechado num quarto de pensão, e tu retiravas-te do meu quotidiano.
Morrias longe de mim.
O corpo que hoje regressa a Milfontes, já não é o corpo esplêndido que conheceste. Se há coisas na vida que contam com o tempo, são a amizade e a velhice. (O tempo fez-me perder a primeira, enquanto acentuava a segunda.)
O olhar embaciou-se para o que me rodeia. Hoje, sem ti, já não consigo pressentir a sombra magnífica da noite sobre o rio. Nada se acende em mim ao escrever-te esta carta.
Só a foz do rio parece guardar a memória duma fotografia há muito rasgada. O vento, esse, persegue a melancolia dos passos pelas dunas.
É possível que os verões ainda sejam o que eram... com os corpos estendidos ao sol, e a oferenda de um sorriso malicioso a confundir-se com o marulhar das águas.
Mas ninguém possui verdadeiramente alguma coisa. As coisas do mundo pertencem a todos e, sobretudo, a quem aprendeu a nomeá-las. E eu já não consigo nomear nada. Não me lembro sequer de um nome que resuma o movimento desastroso dos dias.
O teu rosto deixou de se acender na ilusão de te possuir mais uma noite.
Nada evoca esse tempo de frémitos de asas sobre a pele. Nenhum rumor do rio sobe até mim. Nenhuma ferida ficou por sarar.
Deixei que os ventos e as chuvas apagassem o desejo no rastro dos répteis incandescentes. Sinto-me como a haste quebrada da urze ao abandono nas areias varridas pelo oceano.
Contemplo as dunas, o casario contra a noite que se fecha, as luzes, o rio, as sombras das pessoas, o mar como uma lâmina sob a lua - e a ausência alastra em mim, cortante.
Sento-me onde, dantes, me sentava contigo, perto do farol. O que me rodeia move-se no interior surdo de suas próprias sombras. É um movimento invisível através de territórios que o olhar mal assinala. Concentro a minha atenção nesses lugares que a luz não pode alcançar. Lugares escuros onde se escondem receios antigos e desilusões.
Mantenho-me imóvel, tacteio teu rosto diluído na salina claridade do entardecer.
Adormeço ou começo a subir o rio para fugir à imensa noite do mar.
...
Escreve-me, peço-te, enquanto a tua imagem permanece nítida perto de mim.
...
Vou prosseguir viagem assim que o dia despontar e o som do teu nome, gota a gota, se insinue junto ao coração.
..."


al berto
O Anjo Mudo,
Assírio & Alvim 

In Livros, Outra Arte Tags Excertos, Fotografia, Prosa, Al Berto
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1 - Desprender-se da Árvore-Mãe e precipitar-se numa entrega ao Va
Ainda não atravessámos a ponte, por aqui ainda se fala Galego, o nosso coração vem bordado de flores e pores do sol, e vai aguentando os pedacinhos que sobram do que deixámos em Vilagarcia e Carril. Banhámo-n
Aqui começou a tua história, meu amor. Um dia entrei para ver uma exposição sobre a vida do poeta Al Berto e conheci o teu pai.
Parabéns tio dos sapatos, o tio que vive na "caixinha", que liga sempre na hora da sopa e a quem gosto de tocar no nariz a toda a hora 🥰 "buuup!" que é como quem diz: amamos-te muito!

p.s. volta depressa, prometo q
Que me possa levar menos a sério.

Que continue a encontrar alegria e paz no mais quotidiano dos gestos.
Que não me prenda nos obstáculos, mas que aprenda a dançar com eles.

Que saiba, sempre, que amar-me é uma li&
Antes que consiga escrever sobre o dia bonito que vivemos no sábado, precisava de vir falar sobre ele. O mar calmo da minha tempestade.

Foi um ano duro. Bonito, cheio de amor, mas duro, e eu sei que não conseguiria atravessar tudo isto
A propósito do texto que partilhei ontem no blog, e das coisas que acontecem tão poucas vezes na nossa vida que ficam como memórias cristalizadas e, quando chamadas, se transportam para o corpo quase como se as revivêssemos
A minha filha faz 1 ano daqui a 3 dias, e eu não sei onde se meteu esse ano, sinto que me roubaram tempo, que no meio do turbilhão das hormonas e do nevoeiro da mente, apareceu um larápio e mo surrupiou. Mas não foi bandid
Esta foto emociona-me sempre muito, porque cheguei a ti tão quebrada e aprendi que está tudo bem, às vezes quebramo-nos ao longo da vida e errado é passar o tempo todo a querer voltar a ser inteiro e sem marcas como uma pe
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