- A minha cabeça funciona como o meu browser de internet, 130 tabs abertas e organizadas em 30 grupos que já ocultei para não me criarem ansiedade. 
- Não sei o que é o equilíbrio, ora estou hiperprodutiva ora perdi o dia inteiro sem concluir nada. 1h do meu tempo não dura o mesmo todos os dias. 
- Quase nunca atendo o telefone. Às vezes consigo reunir força suficiente para retomar a chamada, outras vezes (muitas) nunca devolvo. Falar ao telefone deixa-me ansiosa e preciso de me preparar para o fazer. O mesmo com as mensagens escritas que nem sempre respondo logo - isto que a internet e os smartphones arranjaram, de estarmos sempre disponíveis, faz-me sentir ansiosa 99% do tempo. 
- Quero aprender tudo, viver tudo, sentir tudo. Aceito a minha humana condição e a impossibilidade, mas não deixo de sonhar e de me permitir experimentar. 
- Quando embarco nesta experimentação entro em hiperfoco, leio tudo sobre, compro tudo o que preciso, e quando chega a altura de passar à prática, paraliso. Porque sou perfeccionista e falhar nunca é opção. 
- O meu cérebro lógico sabe que errando se vai longe, mas daí a aceitar vai um passinho, muitos, de gigante. 
- Destes últimos dois pontos resultam 59 hobbies na gaveta, 7 projectos que nunca viram o sol, e um livro que nunca estará bom o suficiente. 
- Numa sala cheia de pessoas que me adoram, se sentir que há uma que não me curte… adivinhem onde me vou sentar! Yah, não bato bem. 
- Vivi a minha vida toda a sentir que não era boa o suficiente, para nada do que me passasse pela cabeça candidatar, e que as pessoas não gostavam assim tanto de mim. Isto fez com que muitas vezes me afastasse eu das pessoas, sempre de forma inconsciente, mas crendo que, óbvio, nunca sentiriam a falta. 
- Não sei lidar com barulhos fortes, o choro da minha filha estilhaça-me o peito. Portas a bater fazem-me saltar batimentos cardíacos. 
- A Inês que combina saídas e encontros quer genuinamente que aconteçam. Nunca sei que Inês aparece no dia marcado, mas muitas vezes não é a mesma. Navego entro o ermita e a socialite. Nem eu me entendo. 
- Estes pontos aleatórios sobre mim buscam ser farol para quem se sente um bicho estranho no meio de tanta gente funcional, com empregos “9 to 5” de uma vida e que sabem desde sempre o que vieram fazer ao mundo. Curtia, já curti mais, agora já sou feliz por ter sido tanta coisa e ter vivido tanto mundo com tanta gente. 
- Já me odiei muito, mas já aceitei a provável neurodivergência, que para lá disto tudo, me dá uma sensibilidade que me faz sentir o mundo desta forma quase visceral. 

