Quero-te assim.
Com as pernas que nunca tive
para te seguir
e todos os dedos que fui
amputando, do lado do coração,
em castigo por não te saber tocar. 
Assim, de cabeça finalmente perdida
para te explicar apenas
o essencial - 
não há palavras 
suficientes a este amor. 
E um poema, mesmo de pedra, 
também passa, a menos que 
te ganhe para sempre os olhos. 
Inês Dias, Da Capo,
Lisboa: Averno, 2014
