The Ash Tree Fairy


Trunk and branches are smooth and grey;
(Ash-grey, my honey!)
The buds of the Ash-tree, black are they;
(And the days are long and sunny.)

The leaves make patterns against the sky,
(Blue sky, my honey!)
And the keys in bunches hang on high;
(To call them “keys” is funny!)

Each with its seed, the keys hang there,
(Still there, my honey!)
When the leaves are gone
and the woods are bare;
(Short days may yet be sunny.)

Cicely Mary Barker

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Uma partilha mágica da minha Joana, pedaço de alma, peito em uníssono, que me fez sorrir e acreditar. Magia é real na medida em que nos permitimos sonhar. E é tão bom, sonhar.

Freixo

• Freixo •
Fraxinus | Ash Tree
Nuinn, Nion ou Nin

Árvore mágica e sagrada dos Celtas, pelos seus poderes de cura e de encantamento. Yggdrasil, para os nórdicos, onde, em troca de iluminação e acesso ao alfabeto rúnico - Futhark -, o Deus Odin se terá enforcado. O seu simbolismo está também ligado à árvore do mundo, a que se estende entre os mundos, verticalmente, das águas de Annwn (o submundo) - disse-me uma fada que os freixos gostam de bermas de rios -, Abred (o nosso mundo, o corpo físico, a escola), Gwynvid (o mundo superior, o paraíso, o espírito iluminado) e Ceugant (o ser supremo, a perfeição e criatividade, o coração de todos os mundos, os deuses).

Vejo no Freixo a justeza do seu simbolismo, a árvore cujas raízes extensas e profundas, unem os mundos, do submundo à perfeição da sua frondosa copa. Nós, como uma pequena folha de freixo, que nasce em Annwn, atravessa os mundos, nasce folha e morre, para retornar às raízes, nutrindo a árvore, honrando o ciclo de morte e renascimento.

Em Portugal são muitas as lendas e as terras cujo nome se relacionam com o Freixo.

No ogham, o freixo representa força, saúde, protecção, harmonia, coragem e a conexão ao mar. Encoraja-nos a olhar para dentro, "know thyself", e traz-nos a sensação de estar em profunda conexão com o que nos rodeia.

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Magia natural e folklore:

- Queimar madeira de freixo em Yule para atrair prosperidade;
- Ash Keys (as sementes do freixo) protegem contra a magia negra;
- As varinhas feitas da madeira do freixo, elevam e direccionam a energia de cura e de encantamentos;
- As folhas do freixo, colocadas debaixo da almofada, promovem sonhos proféticos. Colocadas dentro de água, junto à cama, previnem doenças.


"I honor the energy of Ash, the magician's staff.
I will recognize that "as above, so below", I play a part in the larger scheme of things.
I will link my inner and outer worlds.

So mote it be"


O pendente, que carrego, é Nuinn. Pelas mãos da minha druida da floresta, minha madrinha e irmã: @the.acorn.glade

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webgrafia:

The ash lore - druidry.org
The ash tree - thegodesstree.com
Nuin meaning - druidgarden.wordpress.com

(re)imaginar o Natal.

E se em vez da correria aos shoppings e das listas intermináveis de tarefas pudéssemos apenas voltar a ser crianças? 

A senhora atrás de mim exasperasse, espreitando-me pelo ombro para ver a fila que se estende até à caixa. O senhor a meu lado, na outra fila, acena-me com os ombros, como que constatando que aqui estamos, outra vez, para mais um ano, respondo-lhe com um sorriso sem dentes, desviando o olhar.  Do outro lado da loja,  uma filha grunhe para a mãe “traz qualquer coisa, se não gostar que troque” e, ao fundo, junto aos jogos, uma senhora ajeita os óculos tentando ler o bilhete que o neto lhe escrevera o domingo passado - “P - S - 5, o que é que isto quer dizer?!” 

Olho para as minhas mãos e começo a questionar-me se será pouco. “Será que vai gostar? Foi tão baratinho. Será que vai levar a mal? Será que só o livro chega? Secalhar faço um kit de leitura e junto-lhe uma caneca e um chocolate quente em pó….” Ele segura-me no braço e sorri, “Estás feliz com o que escolheste?” Pergunta-me.

“Sim… Não… Não sei…” saio da fila e pouso as coisas. Respiro fundo. “Como é que chegámos a isto?”

“Se não concordas, porque perpetuas? Porque é que não fazes diferente?”


Todos os anos penso a mesma coisa “quando é que o Natal passou a girar em torno do consumismo? Quando é que o Natal passou a ser corridas a lojas, presentes com vales de troca, e família que se encontra por obrigação? E será que pode ser diferente? Como é que se muda isto sem ofender alguém?” e todos os anos, por esta altura, tiro da minha estante o livro “The Everyday Alchemist’s Festive Season Reimagined” da Pia Jane Bijkerk, minha musa, e sonho. 

A Pia faz-me acreditar que sim, que é possível (re)imaginar esta época, é possível resgatar o Natal. É possível viver cada instante em calma e presença.

Acreditas comigo? 

Acendo as luzes de Natal logo pela manhã, todas, e preparo o meu pequeno almoço, faço duas torradas e barro com muita manteiga (como faz o meu pai, desde que eu era criança) e doce de tomate caseiro, da minha mãe. Aqueço um café com leite no púcaro e encho uma chávena, deito um bocadinho de leite à parte, e faço espuma (inspirada pela minha Joana) para colocar em cima do café com leite. Agarro um pedaço de chocolate e esfarelo por cima, com uma pitada de canela. Sento-me à mesa com o livro da Pia, agarro a chávena com as duas mãos e levo-a à boca. Com um grande bigode de leite, sorrio. 

Caramba, é mesmo possível (re)imaginar o Natal, a tarefa soa impossível mas é mais simples do que parece: chama a criança que és, ela sabe o que fazer. A minha está em pulguinhas porque adora chocolate, luzes brilhantes e dias de chuva na janela. E a tua? 

Da varanda.

Conheci o Nuno há pouco mais de 10 anos. É um dos amigos mais antigos do N., o meu namorado da altura. Conhecemo-nos num café, uma das vezes que ele voara de S. Miguel ao Continente para visitar família e amigos. A memória já me trai alguns detalhes, mas sei que gostei imediatamente dele. Os primeiros encontros eram assim: ele ia matar saudades do N. e eu conhecia-lhes o passado nas entrelinhas.

Um dia, já regressado de S. Miguel, almoçámos juntos em casa do N. e, depois de almoço, o Nuno acompanhou-me aos CTT. Lembro-me disto com uma estranha vividez e, embora não me recorde do que falámos, sei que foi nesse dia que passámos a ser amigos.

Nesse Verão, passámos as tardes na varanda de casa do N. e, sem que déssemos conta, começávamos uma tradição. Eu fazia café de cafeteira e comíamos bolachas de aveia, sentados no chão. Naquela varanda em Vila Fria, chorámos e rimos, remendámos a alma e o coração, vivemos e lacrámos a nossa amizade.

Depois foi tempo de voar. O Nuno, que é das pessoas mais bonitas e resilientes que conheço, coração de menino feito de sonhos, regressou à ilha.

À falta da nossa varanda, começámos a trocar cartas digitais. Cada uma a seu tempo, mas sempre no tempo certo. Hoje, em conversa, demo-nos conta que o fazemos desde 2011. Rimos e choramos, remendamos a alma e o coração, e muita vida nos passou pela ponta dos dedos.

O ritual é simples, aqueço uma chávena de café, descrevo uma varanda e derramo o coração. Há dias em que conversamos numa varanda envolta em floresta, noutros temos vista de mar. Há dias em que não conseguimos ver a paisagem que se estende, e outros em que não estamos lá para a ver. Nessas alturas, há sempre um de nós que regressa mais cedo para limpar o pó e pôr água ao lume.

Aqui, nesta varanda, medimos o tempo por saudades, construímo-la juntos e regressamos sempre, para mais um abraço.