Eu Espero...
bruáa
Davide Cali e Serge Bloch
avessos.
voar, mesmo quando os pés se prendem ao chão.
porque há castelos onde o pôr-do-sol é só de duas almas e onde as palavras ganham vida, nos levantam do chão e sorriem do alto: "esse é o sítio''.
o avesso que é o direito, mesmo quando nos dizem que não.
que o avesso é o nosso direito, e isso faz sentido.
desabafo-te neste meu diário com o mesmo espanto que te escrevo sempre.
por ser bom demais, ter-te neste abraço, e sentir-te de sempre.
de único que é.
Note to Self #10
“O senhor é sem dúvida dotado de uma finíssima inteligência, não há como negá-lo. O estilo refinado da sua escrita eleva a prosa e dá cor e alma a tudo o que trata. O senhor Fernando tem mão e cabeça de poeta, mas infelizmente deixa que seja a poesia a tomar conta de si, e não o contrário, como seria desejável.
O mundo, senhor Fernando, é para ser visto e entendido, não inventado.”
As poucas palavras
Nós. Abril, 2013
Foi um dia, e outro dia, e outro ainda.
Só isso: o céu azul, a sombra lisa,
o livro aberto.
E algumas palavras. Poucas,
ditas como por acaso.
Eram contudo palavras de amor.
Não propriamente ditas,
antes adivinhadas. Ou só pressentidas.
Como folhas verdes de passagem.
Um verde, digamos, brilhante,
de laranjeiras.
Foi como se de repente chovesse:
as folhas, quero dizer, as palavras
brilharam. Não que fossem ditas,
mas eram de amor, embora só adivinhadas.
Por isso brilhavam. Como folhas
molhadas.
Eugénio de Andrade