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há um abraço apertado que nos arranca do chão. há uma mão que agarra a nossa e diz tudo sem dizer nada. há sorrisos magoados. depois há o que é e o que foi... e a linha tão ténue que o divide.

aprender a voar.

não pensei dar três passos, sem voltar dois atrás para agarrar a tua mão. "calma, filhota", ouço-te dizer, à noite, que é quando ainda te deixo existir. e achei que não sobreviveria sem o teu riso, as nossas gargalhadas, que o mundo que nos inventara, de onde não consigo sair, ruiria com a tua ausência. quero contar-te que dei cinco passos, que voltei atrás e já não estava lá a tua mão, que dei mais três com medo de cair por não estares lá para me apanhar. mas que mesmo sem ti, aprendi a voar.

n.gt.

houve um dia em que decidi mudar o meu futuro. disse chega. e tudo mudou. virei à direita em vez de seguir em frente. tropecei. quase caí. continuei caminho. mas há coisas que não mudam e que nunca vão mudar. e isso, ao contrário do que pensava, conforta-me, conforta-me muito. é bom saber que este dia nunca será diferente, por muitos anos que passem. este dia é especial e será sempre especial. tem demasiados sorrisos e algumas lágrimas. mas o dia 5 de março é o nosso dia 5 de março. e isso nunca vai mudar.

recados que te escrevo #1

Hoje estive contigo, avô, foi uma festa bonita, não achaste? e a Beatriz está uma rica 'Fialheca', ias gostar de a conhecer. "Trinca-Espinhas", quase te ouço chamar. E depois o riso, todo ele bochechas. E depois o teu andar. E depois tudo, porque a Arrouquelas és tu. É reencontrar-te. 

Sinto falta de te beijar a testa, de agarrar a tua mão. Ser pequena, ao teu lado, que de pequeno só altura.